ENXAQUECA

Venha saber mais a fundo sobre enxaqueca

5/27/20237 min read

Mulher com as mãos na cabeça e fascies de dor
Mulher com as mãos na cabeça e fascies de dor

O QUE É?

A enxaqueca ou migrânea é uma dor de cabeça primária ( não é causada por uma outra doença), é comum e pode ser incapacitante. Muitos estudos epidemiológicos têm documentado a sua elevada prevalência, bem como o seu impacto socioeconômico e pessoal. Num estudo muito respeitado, o Global Burden of Disease Study, ela foi classificada como a terceira causa de incapacidade tanto em homens, como em mulheres com idade abaixo dos 50 anos. A média é de quatro dias perdidos de trabalho por ano. Como em períodos de crise, algumas pessoas, geralmente, não conseguem ficar em locais com luz ou barulho, a enxaqueca influencia também as atividades familiares, sociais e escolares.

A enxaqueca pode ser dividida em dois tipos principais:

1. Enxaqueca sem aura 

2.Enxaqueca com aura, a aura é o nome que a gente dá aos sintomas neurológicos focais ( qualquer sintoma que derive de alteração no sistema nervoso – alteração de força, sensibilidade, na fala... – que são transitórios e que tem relação com a enxaqueca, geralmente vêm antes da dor aparecer.

O QUE CAUSA?

A enxaqueca é essencialmente genética, ou seja, você pode ter crises do nada, por nada. Mas a exposição a certos gatilhos aumentam sua frequência, alguns exemplos são: alimentos como queijos, embutidos, chocolate, café e adoçantes com aspartame, alterações de sono, excesso de exposição ao sol, alterações de hormônios, tabagismo, odores fortes e a ingestão de bebida alcoólica . Transtornos de humor, como ansiedade e depressão, também podem frequentemente estar associados a um episódio de enxaqueca.

COMO EU SEI QUE MINHA DOR DE CABEÇA É ENXAQUECA?

Pelas características clínicas, geralmente, a enxaqueca provoca dores unilaterais e latejantes, acompanhadas na maioria das vezes de náuseas, vômitos e intolerância a sons, luz ou cheiros fortes. As crises tendem a aparecer de vez em quando, com duração de 4 até 72 horas. Em casos extremos, a frequência pode ser diária.

Não existem exames específicos para diagnosticar a enxaqueca. O diagnóstico é clínico, por meio da avaliação médica dos sintomas relatados pelo paciente. Em alguns casos podem ser feitos exames para identificar se existem outros fatores interferindo na dor de cabeça e confirmar a suspeita de enxaqueca.

A enxaqueca é bem diferente das outras dores de cabeça, para começar, a crise não é só a dor. Alguns pacientes tem avisos que a dor vem ( fase premonitória ) ou sentem algumas alterações após o período de dor já ter passado ( fase “posdrômica” ). Para ficar mais fácil, vou dividir a crise de enxaqueca em quatro FASES com sintomas distinto

FASES DA CRISE

Fase 1: premonitória, o período anterior à dor de cabeça, é comum o desejo por determinados alimentos, como chocolate, alterações de humor, cansaço, bocejos e retenção de líquidos.

Fase 2: a aura, que normalmente vem antes da dor, mas também pode ocorrer junto com ela e muito raramente, depois. Ela ocorre em 15 a 25% das enxaquecas, então não é todo mundo que tem e nem são em todas as crises que elas aparecem ( ainda bem!!) . A aura mais comum se manifesta com alterações na vista como embaçamento, pontos ou manchas escuras na visão, linhas em “zig zag” e pontos luminosos que duram de cinco minutos a uma hora. Em casos raros podem acontecer auras sem dor de cabeça. Existem muitas outras auras, alterações na fala, perda de sensibilidade ou de força, entre outras.



Fase 3: cefaleia, é o período mais incapacitante e incômodo da enxaqueca. A sensação é de dor de um lado da cabeça e latejamento que pioram com qualquer esforço físico. Além disso, náuseas, vômitos e sensibilidade a barulhos, luz e cheiros podem acompanhar a dor.

Fase 4: fase posdrômica ou de resolução, que é a recuperação do organismo após a dor intensa de cabeça e se caracteriza por intolerância a alimentos, dificuldade de concentração, dor muscular e fadiga.


O QUE É USADO NO TRATAMENTO?


O principal tratamento é a prevenção, com a adoção de medidas para evitar a manifestação das crises, sendo as mudanças para um estilo de vida com hábitos saudáveis e evitar os gatilhos para as crises as principais medidas . Entretanto, se as crises insistem em incomodar. Existem 2 forma básicas de tratar enxaqueca, o tratamento da crise ou o tratmento preventivo.

TRATAMENTO DAS CRISES

Tratar a crise é basicamente fazer amenizar ou fazer a dor sumir no momento em que ela esta lá. Apesar de uma série de avanços no diagnóstico e tratamento, apenas 22% dos pacientes com enxaqueca usam um medicamento específico para enxaqueca e essa mesma porcentagem, usam remédios que egeralmente não dão certo, como os opióides ( derivados da

morfina, ex. tramadol ) e 40% dos pacientes estão insatisfeitos com seu tratamento para crise. O tratamento deve ser combinado e alguns aspectos podem ser previstos e um plano traçado junto com o paciente.

Existem remédios que são mais específicos para crise de enxaqueca, os triptanos, mas é importante lembrar que esses ótimos aliados são contraindicados em indivíduos com histórico de acidente vascular cerebral, ataque cardíaco, doença arterial coronariana, enxaqueca hemiplégica, hipertensão não controlada, enxaqueca com aura do tronco cerebral e doença vascular periférica. Os mais comuns aqui no brasil são o zolmitriptano, sumatriptano e o naratriptano.

TRATAMENTO PREVENTIVO OU PROFILÁTICO

Modificações no estilo de vida e evitar os gatilhos são recomendados como medida preventiva para todos os indivíduos com enxaqueca. A decisão de recomendar terapia adicional preventiva depende de diversos fatores e os mais importantes são:

  • Três ou mais dias de dor de cabeça moderada ou grave por mês causando piora na qualidade de vida com pouca resposta ao tratamento de crise

  • Pelo menos 6 a 8 dias de dor de cabeça por mês, mesmo se os medicamentos de crise forem eficazes

  • Contraindicações para tratamentos de crise

  • Sintomas particularmente incômodos, mesmo se as crises forem infrequentes

  • A enxaqueca tem um impacto significativo na vida do paciente, mesmo após as modificações no estilo de vida, controle dos gatilhos e uso de tratamento para crise

  • Paciente corre o risco de desenvolver cefaleia por uso excessivo de medicamentos ( pois é, excesso de analgésicos também gera mais dor )

A maioria dos medicamentos prescritos atualmente e usados ​​para a prevenção da enxaqueca foram desenvolvidos para outros fins, como epilepsia, hipertensão e depressão. Devemos considerar evidências de eficácia e o risco de potenciais efeitos colaterais e adversos. Os mais usados são: amitriptilina, nortriptilina, venlafaxina, topiramato, valproato de sódio, e beta-bloqueadores . Mas existem outras opções: suplementos, biofeedback, terapia cognitivo-comportamental, magnésio, onabotulinumtoxina A (toxina botulinica - apenas para enxaqueca crônica) e a riboflavina.

Além disso, desde 2019, dispomos de 3 anticorpos monoclonais contra o receptor de peptídeo relacionado ao gene de calcitonina (CGRP) já estão aprovados no Brasil : o erenumabe, o galcanezumabe e o fremanezumabe. Com eficácia semelhante às medicações disponíveis, são mais bem tolerados.

A terapia preventiva da enxaqueca bem-sucedida reduz a frequência e a intensidade das crises.

O QUE FAZER PARA MELHORAR?

EVITAR GATILHOS

Apesar de serem individuais, os gatilhos comumente citados incluem:

  • estresse,

  • mudanças climáticas,

  • flutuações de hormônios sexuais nas mulheres,

  • não comer,

  • bebidas alcoolicas

  • distúrbios do sono,

  • odores,

  • luz,

  • fumaça,

  • calor

  • certos alimentos: contendo glutamato monossódico, nitratos / nitritos (por exemplo, carnes processadas), queijos envelhecidos e adoçantes artificiais, uso excessivo de cafeína e abstinência de cafeína


ESTILO DE VIDA - COMO COLOCAR EM PRÁTICA

SONO

• Mantenha horários regulares para dormir e acordar

• Evite celular, computador e TV na hora de ir para cama

• Mantenha o quarto escuro, silencioso e com temperatura confortável à noite

• Faça refeições mais leves até 3 horas antes de deitar

• Exercícios físicos beneficiam o sono quando são feitos até 4 a 6 horas antes de dormir

• Experimente a técnica de relaxamento antes de dormir

EXERCÍCIOS

• Exercícios aeróbicos (caminhar, correr, nadar, etc)

• Musculação (principais grupos musculares) pelo menos 2x por semana

O tempo médio dos estudos - 150 minutos por semana: atividade física moderada (5x por semana, sendo 30 minutos cada sessão) e 75 minutos: atividade física vigorosa (3x por semana, sendo 25 minutos cada sessão)

ALIMENTAÇÃO

• Faça refeições balanceadas pelo menos 3 x ao dia

• Inclua lanches saudáveis

• Beba pelo menos 1,5 litros de água por dia, de preferência fora das refeições

• Consumo de cafeína: até 200mg por dia (4 xícaras pequenas de café coado)

• Faça refeições balanceadas pelo menos 3 x ao dia

• Inclua lanches saudáveis

ESTRESSE

• O estresse — qualquer excesso e sobrecarga ao organismo — é um dos gatilhos mais comuns da enxaqueca: ansiedade, depressão, irritabilidade, pessimismo, preocupações, auto exigência excessiva, perfeccionismo , traumas psicológicos, eventos de vida difíceis, perdas: exigem mais energia do cérebro, aumentam a excitação psicofisiológica e a probabilidade de uma crise de enxaqueca ocorrer, para quem tem a predisposição

• Através da Terapia Cognitivo Comportamental, Mindfulness, Biofeedback e Técnicas de Relaxamento é possível aprender estratégias para um estilo de vida saudável, manejo do estresse e diminuir a frequência, intensidade e incapacidade das crises de enxaqueca .

DIÁRIO DA ENXAQUECA

Monitore suas crises de enxaqueca em um diário: anote os gatilhos

• Leve o diário em suas consultas com os profissionais de saúde e converse sobre os potenciais gatilhos para sua dor de cabeça

• Os medicamentos de crise devem ser usados menos de 2 dias por semana para evitar a "dor de cabeça por uso excessivo de medicação” ( abuso de analgésicos )



Exemplos de auras visuais de enxaqueca